É muito conhecida a frase "Orai
e Vigiai", dita por Jesus; sabemos que devemos vigiar os
pensamentos bem como as ações, para não errarmos
mais. Isto se explica porque quando pensamos coisas ruins, ficamos nessa mesma
vibração e vamos nos sentindo muito mal, com risco de agirmos de acordo com essa
sensação, já o inverso, quando pensamos coisas boas, da mesma forma, nos
posicionamos na sintonia do bem. Essa teoria é justamente parte de uma Lei
Natural que muitos de nós já conhecemos, a Lei da Atração. Sabemos que o
fundamento dessa lei é o pensamento.
O que precisamos lembrar sempre, é que temos o poder de escolher o que pensar
ou em que sintonia ficar. Se escolhemos ficar tristes, torna-se muito difícil
nos alegrar com qualquer coisa que aconteça. O inverso, quando decidimos que
queremos ficar alegres, é assim que
permanecemos, mesmo diante
das dificuldades. Porém, muitos de nós ainda acredita que os pensamentos surgem
do nada e não temos controle sobre eles, assim vamos nos submetendo às piores
situações, aceitando limitações como imposição da vida, nos sentindo
incapacitados de uma mudança e nada fazendo para melhorar.
Percebemos
frequentemte que conforme os pensamentos, assim são as ações e emoções, geradas
a partir deles. Então podemos dizer que uma pessoa com boas atitudes, carrega em
si bons pensamentos. Porém, às vezes encontramos aquelas que, aparentemente
demonstram o inverso, talvez por não conseguirem mais controlar seus pensamentos
pessimistas ou maldosos, resolvem adotar atitudes e comportamentos baseados em
conceitos morais, se esforçando, tornando-se boas pessoas, entretanto, abrigam
internamente os tais pensamentos ruins. Nesses casos percebemos que não houve
mudança interior ainda.
Ensina-nos o autor espiritual Emmanuel no livro Pensamento e Vida: "... o
nosso pensamento cria a vida que procuramos, através do reflexo de nós mesmos,
até que nos identifiquemos, um dia, no curso dos milênios, com a Sabedoria
Infinita e com o Infinito Amor, que constituem o Pensamento e a Vida de Nosso
Pai."
Ainda sobre o ensinamento
evangélico "Orai e Vigiai", observo que muitos seguidores que procuram ser fiéis
às lições do Cristo, utilizam esse aprendizado com muito rigor, levando em
consideração como algo a ser seguido criteriosamente e quando não conseguem, se
culpam, se martirizam. Outros ainda, levam o ensinamento como uma Lei, que se
não for seguida, serão punidos, como nas velhas tradições da igreja. Pensando
somente que "não posso" e "não devo", e ficam assim sem analisarem as razões.
"Não posso isso", "não posso aquilo", dessa forma não aprendem e não
crescem.
O texto a
seguir nos mostra a fisiologia do pensamento em nós. Um aprendizado importante
para que possamos operar mudanças e reformas consistentes em nosso
interior.
A
Disciplina do Pensamento
O
pensamento, dizíamos, é criador. Não atua somente em torno de nós, influenciando
nossos semelhantes para o bem ou para o mal; atua principalmente em nós; gera
nossas palavras, nossas ações e, com ele, construímos, dia a dia, o edifício
grandioso ou miserável de nossa vida presente e futura. Modelamos nossa alma e
seu invólucro com os nossos pensamentos; estes produzem formas, imagens que se
imprimem na matéria sutil, de que o corpo fluídico é
composto.
Assim,
pouco a pouco, nosso ser povoa-se de formas frívolas ou austeras, graciosas ou
terríveis, grosseiras ou sublimes; a alma se enobrece, embeleza ou cria uma
atmosfera de fealdade. Segundo o ideal a que visa, a chama interior aviva-se ou
obscurece-se.
Não
há assunto mais importante que o estudo do pensamento, seus poderes e sua ação.
É a causa inicial de nossa elevação ou de nosso rebaixamento; prepara todas as
descobertas da Ciência, todas as maravilhas da Arte, mas também todas as
misérias e todas as vergonhas da humanidade. Segundo o impulso dado, funda ou
destrói as instituições como os impérios, os caracteres como as consciências. O
homem só é grande, só tem valor pelo seu pensamento; por ele suas obras irradiam
e se perpetuam através dos séculos.
O
Espiritualismo experimental, muito melhor que as doutrinas anteriores,
permite-nos perceber, compreender toda a força de projeção do pensamento, que é
o princípio da comunhão universal. Vemo-lo agir no fenômeno espírita, que
facilita ou dificulta; seu papel nas sessões de experimentação é sempre
considerável. A telepatia demonstrou-nos que as almas podem impressionar-se,
influenciar-se a todas as distâncias; é o meio de que se servem as humanidades
do espaço para comunicarem entre si através das imensidades siderais. Em
qualquer campo das atividades sociais, em todos os domínios do mundo visível ou
invisível, a ação do pensamento é soberana; não é menor sua ação, repetimos, em
nós mesmos, modificando constantemente nossa natureza
íntima.
As
vibrações de nossos pensamentos, de nossas palavras, renovando-se em sentido
uniforme, expulsam de nosso invólucro os elementos que não podem vibrar em
harmonia com elas; atraem elementos similares que acentua as tendências do ser.
Uma obra, muitas vezes inconsciente, elabora-se; mil obreiros misteriosos
trabalham na sombra; nas profundezas da alma esboça-se um destino inteiro; em
sua ganga o diamante purifica-se ou perde o
brilho.
Se
meditarmos em assuntos elevados, na sabedoria, no dever, no sacrifício, nosso
ser impregna-se, pouco a pouco, das qualidades de nosso pensamento. É por isso
que a prece improvisada, ardente, o impulso da alma para as potências infinitas,
tem tanta virtude. Nesse diálogo solene do ser com sua causa, o influxo do Alto
invade-nos e desperta sentidos novos. A compreensão, a consciência da vida
aumenta e sentimos, melhor do que se pode exprimir, a gravidade e a grandeza da
mais humilde das existências. A oração, a comunhão pelo pensamento com o
universo espiritual e divino é o esforço da alma para a beleza e para a verdade
eternas; é a entrada, por um instante, nas esferas da vida real e superior,
aquela que não tem termo.
Se, ao contrário, nosso
pensamento é inspirado por maus desejos, pela paixão, pelo ciúme, pelo ódio, as
imagens que cria sucedem-se, acumulam-se em nosso corpo fluídico e o
entenebrecem. Assim, podemos à vontade fazer em nós a luz ou a sombra, o que
afirmam tantas comunicações de além-túmulo. Somos o que pensamos, com a condição
de pensarmos com força, vontade e persistência. Mas, quase sempre, nossos
pensamentos passam constantemente de um a outro
assunto.
Pensamos raras vezes por nós
mesmos, refletimos os mil pensamentos incoerentes do meio em que vivemos.
Poucos homens sabem viver do próprio pensamento, beber nas fontes profundas,
nesse grande reservatório de inspiração que cada um traz consigo, mas que a
maior parte ignora. Por isso criam um invólucro povoado das mais
disparatadas formas. Seu Espírito é como uma habitação franca a todos os que
passam. Os raios do bem e as sombras do mal lá se confundem, num caos perpétuo.
É o combate incessante da paixão e do dever, em que, quase sempre, a paixão sai
vitoriosa. Antes de tudo, é preciso aprender a fiscalizar os pensamentos, a
discipliná-los, a imprimir-lhes uma direção determinada, um fim nobre e
digno.
A
fiscalização dos pensamentos implica a fiscalização dos atos, porque, se uns são
bons, os outros sê-lo-ão igualmente, e todo o nosso procedimento achar-se-á
regulado por uma concatenação harmônica. Todavia, se nossos atos são bons e
nossos pensamentos maus, apenas haverá uma falsa aparência do bem e
continuaremos a trazer em nós um foco malfazejo, cujas influências, mais cedo ou
mais tarde, derramar-se-ão fatalmente sobre nossa
vida.
Às
vezes observamos uma contradição surpreendente entre os pensamentos, os escritos
e as ações de certos homens, e somos levados, por essa mesma contradição, a
duvidar de sua boa-fé, de sua sinceridade. Muitas vezes não há mais do que uma
interpretação errônea de nossa parte. Os atos desses homens resultam do impulso
surdo dos pensamentos e das forças que eles acumularam em si no passado. Suas
aspirações atuais, mais elevadas, seus pensamentos mais generosos traduzir-se-ão
em atos no futuro.
Assim,
tudo se combina e explica quando se consideram as coisas do largo ponto de vista
da evolução; ao passo que tudo fica obscuro, incompreensível, contraditório, com
a teoria de uma vida única para cada um de
nós.
LÉON
DENIS